ELISABETE ENTREVISTA

Mulher Gorda x espaços opressores da sociedade



Vivemos em uma sociedade onde somos bombardeadas a todo momento pelos canais midiáticos com apelos insistentes de boas práticas para se ter uma boa saúde e vida saudável. E isso não é só marketing, mas também uma recomendação da OMS, que nos esclarece a respeito da importância de se ter uma qualidade de vida que é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Envolve o bem estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como família e amigos e, também, saúde, educação, habitação saneamento básico e outras circunstâncias da vida”. Portanto, estamos falando de uma recomendação que deveria alcançar todas as pessoas da sociedade, porém, grande parte não se sentem incluídas nessas práticas de promoção de saúde.


Se fizermos uma breve reflexão sobre os espaços utilizados para promover essas boas práticas, temos como exemplo as academias de ginasticas, sim, espaços que estão abarrotados de pessoas buscando alcançar os ditos corpos malhados e perfeitos, que são ofertados em propagandas direcionadas e bem produzidas com imagens de corpos esbeltos sem nenhuma gordurinha para que acreditemos que é possível conquistar esse corpo perfeito, com visitas frequentes monitoradas por um personal trainer. Também podemos falar das iniciativas que a prefeitura através das academias ao ar livre construídas e adaptadas nos parques e praças da cidade de Goiânia, que a cada dia cresce mais, já que, a proposta é que todos tenham uma vida saudável. Mais a pergunta que não cala é. Porque não encontramos com frequência pessoas com corpos gordos, se exercitando, dançando zumba, se alongando e realizando todas outras atividades ofertadas nesses espaços, com suas roupas de ginastica, calças justas, tops curtos, com seus braços gordos e flácidos a mostra, a famosa barriga de fora?


E quando falamos de pessoas gordas, não estamos nos referindo as ditas acima do peso, acima de uma marca, o IMC (índice de massa corporal) mais sim, aquelas que realmente são obesas, que além de estar acima dessa marca, também tem um manequim que vai do 48 ao 60. E aqui me refiro principalmente as mulheres que se enquadram nesse grupo. Portanto, precisamos nos questionar, já que, saúde é para todos, e todos necessitam se exercitar e ter boas práticas para vivenciar uma vida saudável, pois de acordo com o IBGE, 62,6%, das mulheres no Brasil, estão obesas. então, precisamos entender a pouca procura e utilização desses espaços por essas pessoas. Será que é porque não desejam essa tão ofertada vida saudável? Não almejam o corpo perfeito? Estão satisfeitos com os corpos que tem? Ou será que esses ambientes não são tão acolhedores para essas pessoas gordas e acabam oprimindo a ponto de não ser atrativo como é para as outras pessoas que estão dentro do padrão de peso aceitável? Se continuarmos a refletir vamos chegar na conclusão de que a sociedade tem um olhar diferente para com essa pessoa gorda, sim, um olhar que não inclui, mais que faz com que essa parcela da sociedade fique no lugar que lhe cabe, a invisibilidade, ou nas sombras, pois, é melhor para todos, haja vista, que não queremos esbarrar nesses copos grandes e totalmente fora do peso padrão ou do IMC, determinado.


A invisibilidade da pessoa gorda se da por meio do olhar gordofobico social, que nada mais é, do que aversão a pessoas com o corpo gordo. Aversão a gordura. A gordofobia é o preconceito em relação a pessoas gordas, devido um padrão de beleza imposto pela sociedade, em que o corpo ideal e perfeito é alto, sem celulite, magro tipo manequim 36 e ou aceitável 38, e sem celulites. As pessoas que praticam a gordofobia, tem um comportamento de julgamento em relação a pessoas que estão fora do peso padrão ditado pela sociedade, criticando-as, ridicularizando-as e fazendo com que se sintam anormais e excluídas mesmo sem ter essa consciência. Podemos também trazer outra pratica gordofobica que é muito comum e que atinge de forma muito severa a vida dessas pessoas, pois vem de um profissional que procuramos para sanar nossas dificuldades de saúde, e aí, por vezes, conseguem nos oprimir apenas por sermos pessoas gordas sem nenhuma prova a princípio. Estou falando da gordofobia medica que se caracteriza pelo princípio de que as pessoas que estão acima do peso padrão tem problemas de saúde, sem sequer conhecer o estilo de vida da pessoa ou sem ter conhecimento acerca dos exames médicos ou do seu histórico de saúde. Não é apologia a gordura, mas precisamos entender que nem toda pessoa magra tem saúde ou ao contrário, nem toda pessoa gorda é doente. Portanto, não podemos marcar as pessoas apenas pelo peso, mais compreender que somos pessoas com características diferentes, com vontades diferentes, com expectativas distintas, almejamos coisas totalmente opostas e temos que ser respeitados.


As mulheres no geral são as que mais sofrem com esses ataques gordofobicos, onde as impedem de ter uma vida plena, pois, são muitas as cobranças dessa sociedade excludente e opressora. Somos atacadas a todos os momentos pelas mídias, por pessoas próximas, nossas famílias, nossos companheiros, pelos padrões de moda e de todos os tipos de condutas de perfeição que precisamos ter. Se o direcionamento é ter uma vida saudável através das diversas práticas de promoção de saúde, e saúde é para todos, é urgente que seja reprogramada as formas como são pensadas as matérias de propaganda e divulgação em prol de uma vida saudável. Se faz necessária que se desconstrua o olhar excludente social em relação a pessoa gorda, a partir de mídias inclusivas, onde corpos gordos também tenham visibilidade buscando assim, uma maior aceitação e incluindo nesses espaços pouco frequentados por pessoas gordas, uma grande parcela da sociedade que precisam ser respeitadas por serem cidadãs de direito. E você mulher que está acima do peso padrão saia das sombras, se descubra a mulher incrível, única, belíssima com curvas arredondadas, bumbum avantajado, seios fartos e coxas macias. Sim, com celulite, estrias, barriga acentuada. Saiba que cada marca no seu corpo é uma linha escrita da sua história fantástica. Valorize a mulher que você se tornou, mesmo com todas as dores, pois foram elas que te fizeram ser tão extraordinária. Somos mulheres gordas, somos mulheres grandiosas e podemos ser felizes com o corpo que temos. E você sociedade precisa se posicionar contra todo o tipo de preconceito. Somos grandiosas demais para nos esconder.


Por Zenit Vaz: Mulher gorda, mãe solo, evangélica, periférica, ativista social dos direitos humanos, assistente social, modelo plus size e idealizadora do Projeto Mulheres Grandiosas.



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Mulheres canedenses, mobilizai-vos Elas já são maioria, ao menos em termos populacionais, mas ainda estão longe de ocupar a metade dos espaços de poder em um dos mais prósperos municípios de Goiás. As mulheres canedenses, que em 2010 cravaram a virada numérica sobre os homens, são minoria no mercado de trabalho local e, não bastasse a falta de oportunidades, ainda ganham menos. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, na ocasião do primeiro censo realizado em Senador Canedo, em 1991, as mulheres somavam cerca de 11,8 mil habitantes, o equivalente a 49,24% dos então 23,9 mil moradores do recém-emancipado município metropolitano. No censo de 2000, as canedenses aumentaram para 26,5 mil, compondo 49,93% da população total de 53,1 mil residentes. Em 2010, entre os 84,4 mil cidadãos canedenses, elas eram 42,2 mil, 50,01% do total. E agora, com o censo iniciado em 2022 prestes a finalizar, elas são 76 mil, cerca de 50,33% da população local e, numericamente, pouco mais de mil habitantes em relação aos homens. Tem mais: o Ministério da Saúde mostrou que, no ano passado, metade dos 2 mil nascimentos computados em Canedo foi de meninas. Elas também são maioria na hora de exercer o direto sagrado da escolha: dos 84,7 mil eleitores de Senador Canedo devidamente registrados como aptos junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 44,5 mil são do sexo feminino, de maneira que elas representam 52,62% do eleitorado e estão em vantagem de 4,5 mil votantes a mais que eles. Também são maior número nas escolas de educação básica, nas instituições de ensino superior e são mais “estudadas”, ou melhor, escolarizadas, conforme demonstram os números mais recentes do Ministério da Educação (MEC). É um balanço esplêndido em favor delas, que, no entanto, não tem sido revertido política e socialmente a seu favor. Basta olhar ao redor, nos espaços de poder público, para ver como elas estão “de fora”. Na Câmara de Senador Canedo, por exemplo, dos 15 parlamentares eleitos, apenas uma veste saia. Isso, por tabela, reflete na ausência de políticas públicas voltadas a elas. E é simples verificar: ao puxar os números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, visualiza-se números vergonhosos, em que, dos 20,5 mil postos de trabalho formais de Senador Canedo, apenas 8,5 mil (41,37%) são ocupados por mulheres. Para piorar, enquanto a média salarial mensal do trabalhador do sexo masculino canedense é de R$ 2.841, a do trabalhador do sexo feminino na mesma função é de R$ 2.560. Sim: um empregado homem ganha em média 10% que uma mulher, em Senador Canedo, para fazer exatamente as mesmas coisas. Para mudar essa realidade, de exclusão das mulheres das áreas onde justamente deveriam estar — no mercado de trabalho, na política, nos espaços de decisão e poder, por serem maioria —, é necessário que elas despertem, unam-se e se mobilizem. Um exemplo do pontapé dessa marcha, que rompe com o comodismo secular, vem sendo protagonizado pelo Coletivo das Mulheres que Semeiam o Futuro, puxado pela jornalista Elisabete Teles, presidente da entidade. Com uma rotina de feiras e eventos nos quatro cantos de Canedo, bem como a consolidação de parcerias políticas extralocais, o Coletivo vem arrebanhando centenas de mulheres por onde passa e mostrando que o poder está com elas e precisa ser exercido. É um trabalho desafiador, construído a duras penas, de mãos dadas entre elas e sem auxílio financeiro do poder público, mas que tem despertado o olhar de lideranças do executivo e legislativo em nível estadual, além de angariar parcerias importantes e de resplendor nacional, como a respeitada Central Única de Favelas (Cufa). Sozinho, o Coletivo das Mulheres que Semeiam o Futuro dificilmente conseguirá reverter a dinâmica de alijamento socioeconômico, em que a mulher canedense fica para trás nos quesitos oportunidade e rendimento. Todavia, em parceria com a sociedade, a entidade certamente conseguirá chamar a atenção do poder público para o fato de que a mulher precisa de muito mais que migalhas ou sobras. Em Senador Canedo, as mulheres não têm uma secretaria específica para cuidar de políticas e temas de interesse delas. Também não dispõem de uma procuradoria engajada em suas pautas e lutas, como já há nos municípios mais desenvolvidos do país. Por conseguinte, na ausência do básico, o município convive com um histórico de 75 mulheres que, nos últimos dez anos, foram parar na emergência da rede pública de saúde por terem sido vítimas de agressão, de acordo com o Ministério da Saúde. A rede de proteção é tacanha e parece viver completamente alheia a um município que está entre os cinco que mais arrecadam em Goiás — só superado, nesse quesito, por Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Rio Verde. A título de curiosidade, a receita líquida de Canedo em 2022, já feitas as deduções legais, alcançou R$ 701,99 milhões, conforme reportou a prefeitura local em prestação de contas aos órgãos de controle externo. Os recursos entram, as políticas públicas para a mulher se escondem, e o Coletivo das Mulheres que Semeiam o Futuro emerge forte e demonstrando que é, sim, possível fazer a diferença em sociedades machistas e patriarcais, onde o homem ainda é quem “manda” — e obedece quem tem juízo. Deveras, o Coletivo é, ainda, apenas um grão de areia em meio a um mar de mulheres que são e estão sedentas por oportunidades e talvez nem se deem conta. Portanto, mulheres, mobilizai-vos! A vossa hora está chegando para ocupar os inúmeros espaços de poder que logo mais vão estar disponíveis para disputa na cobiçada Senador Canedo. Com foco, união, disciplina e determinação, cada uma de vós fará a diferença na terra dos manjados, dos alijamentos e das desconfianças. O Coletivo está chegando, e ninguém pode deixar o bonde da mudança passar. A bola da vez está convosco.
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